domingo, 25 de abril de 2010

O Confucionismo

Consta-se que Confúcio nasceu por volta de 551 a.C. no reino de Lu em uma família nobre, mas empobrecida, durante a Dinastia Zhou Oriental. Ele pregava uma filosofia moral que tem como base a aprendizagem, a benevolência e o rito aos ancestrais. Segundo Confúcio, uma vida boa e benevolente só poderia surgir em uma sociedade bem disciplinada, que valorizasse os ritos, o dever, a moralidade e o serviço público. Seu sistema moral é baseado na empatia e na compreensão. É centrado em três conceitos, denominados li ou “ação ideal”, yi ou “honradez”, e ren ou “compaixão humana ou empatia”.

Considerado um virtuoso pela sua integridade e honestidade, tornou-se professor e consultor de governos. Seus ensinamentos foram compilados num livro em um único volume chamado "Os Anacletos de Confúcio". Os seus ensinamentos só mais tarde vieram a ganhar importância decisiva com a dinastia Han (206 a.C.), responsável pela consolidação da unificação do império chinês.

A filosofia confuciana foi, então, decretada oficial, já que os seus ensinamentos e princípios éticos de respeito pela hierarquia e pela manutenção de uma certa ordem social eram susceptíveis de apoiar e reforçar um forte poder central.

Uma pessoa virtuosa, segundo Confúcio, exibe auto-reflexão, contenção, devoção, sentido de responsabilidade e respeito pelos mais velhos. Estas mesmas características tornavam difícil que um indivíduo se opusesse a quaisquer práticas ou atividades do imperador, mesmo que não concordasse com elas.

Os grandes problemas do tempo de Confúcio eram, sobretudo, governamentais: como governar, como manter a ordem na sociedade, como garantir a felicidade e a prosperidade das populações. Para Confúcio, a solução principal estava na educação. Governar é, acima de tudo, educar e formar.

Foi com base nestes princípios que o acesso aos postos oficiais na China se passou a fazer através de exames, e que o sistema se estruturou numa vasta e complexa burocracia. Confúcio visualizava um mundo em que a harmonia poderia ser atingida se todos e cada um reconhecesse o seu lugar na sociedade. Se os filhos obedecessem aos pais e os súbditos aos governantes, poderia haver ordem e paz.

Cem anos mais tarde, Mêncio, seguidor de Confúcio, tornou estes princípios ainda mais idealistas. A sua teoria de governo pela benevolência baseava-se na aceitação de que todo o ser humano é essencialmente bom. As qualidades de benevolência, retidão e sabedoria são inatas: uns são capazes de as conservar, outros não.

terça-feira, 13 de abril de 2010

As quatro deidades auspiciosas - 四种吉祥神灵

Na China, o dragão (龍; lóng), a fênix (凤凰; fèng huáng), o qílín (麒麟) e a tartaruga (龟; guī) são considerados deidades auspiciosas e são profundamente reverenciados e respeitados. Das quatro criaturas, apenas a tartaruga é real, sendo os outros animais figuras mitológicas.










O dragão é o maior dos animais divinos e também é o mais reverenciado pelo povo chinês. Ele é formado por diversos animais: cabeça de boi, chifres de cervo, olhos de camarão, garra de águia, corpo de serpente e rabo de leão. Seu corpo é coberto de escamas e ele pode andar na terra, nadar na água e voar nos céus e tem poderes mágicos inesgotáveis. Por milhares de anos, os monarcas tinham o dragão como símbolo de poder e dignidade. Nos tetos dos palácios, nas roupas e móveis da família real havia sempre um dragão esculpido ou desenhado.

Diferentemente da cultura ocidental, o dragão no oriente é associado a bondade e representa nobreza, divindade e poder.











  


A fênix é um pássaro com uma linda plumagem multicolorida e foi consagrada pelos chineses como sendo o “pássaro reinante entres as aves”. Dentre os animais divinos, a fênix é o segundo mais reverenciado pelo povo, ficando atrás apenas do dragão. Quando o dragão se tornou o símbolo do Imperador, ela passou a representar a imperatriz. Na época a sua figura esplendorosa só podia ser usada pela família real, sendo proibido o uso pelo povo. Sua imagem representa paz, bom governo, o poder real e a dignidade dos monarcas.

Atualmente a fênix e o dragão aparecem em par nas cerimônias de casamento tradicional, em: velas, nome de bolos e na ornamentação das roupas dos noivos, simbolizando a perfeita harmonia entre yin e yang que deve fundamentar a relação do casal. A fênix, neste caso, representa yīn (阴), a mulher, a terra etc. e o dragão representa yáng (阳), o homem, o céu etc.

Por gerações pessoas deram o nome da fênix para comidas, músicas e filhas, com a esperança que essas tivessem as características esplêndidas desta ave auspiciosa.


















O qílín é uma criatura exótica que deve ser pouco conhecida no Brasil. Sua aparência é composta por vários animais: chifre de cervo, escamas de peixe, cabeça de dragão, pés de boi e rabo de boi. Ele é uma criatura sagaz, inteligente e benevolente e simboliza a paz e a prosperidade. As lendas dizem que sua dieta não inclui carne e que quando anda, nunca machuca nenhuma criatura viva, chegando a pisar na grama sem amassa. Apesar de benevolente o qílín tem a reputação de ser feroz quando encontra demônios ou pessoas más.

Existe uma crença que o qílín pode trazer um filho para um casal sem descendentes, por isso é comum ver cortes de papel ou pinturas da criatura mítica carregando um bebê.

Estátuas do qílín de pedra e bronze podem ser encontradas em diversas construções chinesas, como a Cidade Proibida (紫禁城;  zǐjinchéng) e o Palácio de Verão (颐和园; yíhé yuán)











A tartaruga é um animal que goza de uma longa vida, chegando a ter centenas de anos e por isso é considerada símbolo de longevidade e saúde. Ainda é atribuída a tartaruga a capacidade de prever o futuro e por esta razão o povo chinês a chama também de “tartaruga divina” (神龟 – shén guī). Em tempos imemoriáveis, antes de uma atividade importante ser realizada, os sacerdotes colocavam os cascos das tartarugas no fogo, com diversas inscrições, e faziam adivinhações com base na interpretação das rachaduras que apareciam após a queima. Nos palácios imperiais é comum encontrar muitas esculturas deste animal, simbolizando a longevidade, brilhantismo e conhecimento do império chinês.